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Provavelmente você deve ter ouvido falar sobre Robin Thicke e sua música ‘Blurred Lines’, seja pelo conteúdo sexual, seja pelo enorme sucesso que fez, se tornando a maior audiência da história das rádios no EUA ou até mesmo, da apresentação do cantor com Miley Cyrus.

Blurred Lines é uma canção do cantor norte-americano Robin Thicke, gravada para o seu sexto álbum de estúdio com o mesmo nome. Conta com a participação dos rappers T.I. e Pharrell Williams. A canção se tornou um dos maiores hits de 2013, principalmente por se envolver em diversas polêmicas sobre incentivar o estupro.

No entanto, tanto a versão censurada e não censurada coloca o que a programação sexual monarca faz em principio: tornar a mulher um objeto sexual para desejo do manipulador. Apesar do vídeo não apresentar nada explicito sobre uma simbologia visível, a forma como as mulheres agem é justamente altamente sexual e como objetos, e até interessante, quando uma delas em certo momento do vídeo mia para o ouvinte, apenas confirmando o conteúdo da programação sexual felina (BETA).

Sobre este nível da programação monarca:


BETA é referido como  programação “sexual” (escravos sexuais). Esta programação elimina tudo que aprendemos sobre nossas convicções morais e estimula o instinto primitivo sexual, sem inibições. O alter "Gato" pode sair e alterar a este nível. Conhecida como a programação Sex-Gatinho, ele é o tipo mais visível da programação como algumas celebridades femininas, modelos, atrizes e cantores têm sido submetidos a este tipo de programação.



 
Blurred Lines de Robin Thicke tenta em seu vídeo supostamente ser despretensioso e divertido. O nome da canção significa “linhas borradas”, que pode ser traduzido também como sinais incertos. Ou seja, nada fica muito claro. Na canção, “Não” pode na verdade significar “sim“, certo? E quando a mulher diz que não quer, ela na verdade quer, certo?
 
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O vídeo representa mulheres como objetos sexuais, além de mostrar homens como sujeitos ativos e mulheres como objetos passivos. A canção também insinua que mulher que diz que não, na verdade “quer”, apelando para a nudez nas duas versões para que seja comentado e as mulheres obviamente em todo o vídeo são mostradas como “decorativas”.

Aliás, a cena acima com uma mulher servindo de apoio para um carrinho coloca muita coisa em foco do que está sendo falado.

Apesar disso, o cantor disse certa vez que:


Quando fizemos essa música, tivemos o maior respeito pelas mulheres, especialmente por minha esposa – estou com a mesma mulher desde a adolescência. Queríamos fazer uma música engraçada, mas as letras podem ser mal-interpretadas quando você está tentando levar as pessoas para a pista de dança. No entanto, não tínhamos ideia de que ela geraria tanta controvérsia. Temos a melhor das intenções.” – Robin Thicke


No entanto, mesmo desviando sobre o conceito do vídeo e da canção, uma cena da versão não censurada faz cair por terra qualquer desculpa sobre as referências sexuais e de submissão que o vídeo apresenta. Tal cena abaixo:

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Na versão não censurada, o artista sentiu a necessidade de colocar balões dizendo: “ROBIN THICKE TEM PAU GRANDE” no meio do clipe

A representação de seres humanos como escravos sexuais prontos para servir e sem vontade própria… Sejam eles homens ou mulheres nos faz perguntar: qual é a verdadeira necessidade disso? Notamos que a programação monarca em seu nível BETA sexual tem atingido a grande população e feito com que as pessoas levem tudo isso como normal, vendo que a canção foi um enorme sucesso com esse tipo de tema.

Criado em 2011, o Projeto Unbreakable trouxe um ensaio fotográfico com vítimas de estupro segurando placas com dizeres que seus estupradores usaram para mostrar como a letra da canção altamente insinua ao estupro e são extremamente parecidas com a letra da canção e suas insinuações. Veja abaixo:

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Trecho 1: I know you want it.
 
Tradução: Sei que você quer.
 
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Tradução: "Você sabe que quer isso." ... "Vamos lá, <insira um nome aqui>, ceda ao prazer."
 
Problemática: Frase muito, muito explorada pelos estupradores para justificar o ato.
 
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Trecho 2: You're a good girl.
 
Tradução: Você é uma boa garota.
 
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Tradução: "No dia seguinte ele me disse: 'Você disse não, mas seu corpo me disse sim.' Pensei que era culpa minha. Ele tinha 28, eu tinha acabado de fazer 18..."
 
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Tradução: "Seja uma boa garota, não diga nada, ok?" — Silêncio



Problemática: O que seria uma "boa garota" nesse contexto? Resposta: Uma pessoa que supostamente esconde seu desejo quase irrepreensível em uma fachada de desinteresse, o que nos faz voltar ao primeiro trecho. O silêncio aqui é consentimento.

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Trecho 3: I'll give you something big enough to tear your ass in two.
 
Tradução: Vou te dar algo grande o bastante para rasgar seu rabo em dois.
 
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Tradução: "Vire-se... espero que você goste de anal."
 
Problemática: É preciso falar algo?
 
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Trecho 4: Do it like it hurt, like it hurt / What, you don't like work?
 
Tradução: Faça como se doesse, como se doesse / O que foi, você não curte trabalhar?

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Tradução: Meus estupradores: "É algo que deve doer.", "Não posso curtir isso se você continuar chorando."
 
Problemática: Esse trecho sugere que há de se sentir dor na relação para que ele sinta prazer. Isso vem junto ao fato de que o estupro carrega consigo não uma impulsão sexual, e sim uma demonstração de poder físico e emocional sobre a vítima.
 
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Trecho 5: The way you grab me / Must wanna get nasty.
 
Tradução: O jeito que você me pega / Tem que querer ficar safada.
 
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Tradução: "Você não pode sair para beber com alguém e esperar que isso NÃO aconteça."

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Tradução: "Não foi estupro. Você estava sendo tão provocante..."

Problemática: Jogar a culpa na vítima é clássico. Roupas curtas, algum olhar mal interpretado, sorrisos simpáticos: Motivos irrefutáveis na mente do estuprador.
 
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Trecho 6: Nothing like your last guy, he too square for you / He don’t smack your ass and pull your hair like that.
 
Tradução: Nada a ver com o seu último cara, ele é careta demais pra você / Ele não bate na tua bunda e puxa seu cabelo assim.
 
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Tradução: "Pare de fingir que você é um ser humano."
 
Problemática: Thicke supõe nesse trecho que a mulher gosta de ser maltratada.
 
O modo como o mundo tem se deixado manipular e tem consumido produtos midiáticos estragados como esse, enfatizam cada vez mais o fato da manipulação e condicionamento através do entretenimento funciona muito bem nas pessoas. Afinal, até o momento, a música se tornou o maior sucesso das rádios do Estados Unidos.
 
As “linhas borradas” (Blurred Lines) da mensagem que a canção e o clipe passam, não estão tão borradas assim.

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